O que não pode faltar nas bibliotecas das Mulheres de 40
40, Sim! E Daí?
Andrea Franco — Matrix Editora, 224 páginas
Crédito: Donna ZH |
Para a escritora Andrea Franco, a chegada dos "enta" não precisa ser sinônimo de crise. Autora de 40, Sim! E daí?, um manual de bem-estar para mulheres nesta faixa etária, ela garante que a chegada da maturidade pode ser o início de uma fase libertadora. O importante é adquirir conhecimento e equilíbrio emocional, diz Andrea, para saber tirar proveito do que o momento tem de melhor. Ela revela algumas dicas que colheu com especialistas e mulheres que aprenderam a encarar a vida de outra forma depois que completaram 40.
- Agência O Globo
Confira:
Por que escrever um livro para mulheres de 40?
Porque acho importante que as pessoas vejam que a
maturidade pode fazer bem para uma mulher. Infelizmente, a nossa cultura, a
sociedade, vêem a mulher a partir dos 40 anos como uma velha, como alguém que
"já deu o que tinha que dar". A mulher sempre foi e ainda é, mais
cobrada do que o homem em vários aspectos e, entre eles, sem dúvida, está a
questão da idade. Há uma gradativa mudança nesse quadro, mas ainda há
preconceito e essas coisas me incomodam muito! Então, eu quis mostrar que essa
é uma etapa da vida que pode ser enriquecedora e feliz. Que a mulher pode ser,
sim, bonita e desejada também a partir dos 40 anos. E que a chegada dos
"enta" não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. A mulher pode fazer dessa
a melhor fase da vida! E eu também quis entender o que a maturidade nos
proporciona. Achei importante falar de uma idade emblemática, que chega para a
maioria das mulheres como um divisor de águas, marcada por muitas mudanças e
que costuma vir acompanhada de alguma crise.
Quais as principais angústias das entrevistadas?
Como disse uma das psicólogas que eu entrevistei,
pode ser angustiante perguntar "e agora?". Como é uma fase de rever e
avaliar as realizações, de constatar que metade da vida já passou, o balanço da
própria existência pode desencadear uma angústia ou uma crise. Os
questionamentos nessa fase da vida costumam ser : "será que eu fiz tudo o
que eu queria?", "o que esperar daqui para a frente?", "o
que eu quero realmente da vida?", "o que é melhor para mim?" , "vou
conseguir emprego?" e "vou continuar sendo atraente para os
homens?".
Eu percebi com as minhas entrevistadas que essa
fase pode não ser um mar-de-rosas, mas está longe de ser algo dramático, pesado
ou terrível. Algumas se sentem muito melhor do que aos 30 e até do que aos 20.
Todas são unânimes quanto ao fato de que o melhor em ter 40 anos é a
maturidade, há uma autoestima grande. Ela sabe o que quer, do que é capaz, já
sabe quem ela é.
Hollywood tem valorizado a mulher de 40. Os homens mais
jovens também. Como vê esta tendência?
Talvez seja porque eles já perceberam que essa
mulher "vende". Ou seja, vários setores de consumo estão se rendendo
às mulheres que chegaram à maturidade, as quais, além de buscarem qualidade de
vida, têm alto poder aquisitivo. Elas são bem informadas, independentes e podem
pagar caro pelos seus luxos. Elas se tornaram público-alvo da mídia e dos
segmentos de cosméticos, editorial e moda. É a new age woman, a mulher
que se conserva bonita e não aparenta a idade que tem. A mulher madura está se
tornando mais interessante física e economicamente. E para reforçar ainda mais
esta tendência, as marcas de cosméticos têm como garotas propagandas
quarentonas como Sarah Jessica Parker, Demi Moore, Linda Evangelista, Julianne
Moore, Andie McDowell, entre outras. Em relação ao sucesso com os homens mais
jovens, deve ser porque a experiência dessas mulheres as deixam mais sexy aos
olhos deles.
Há mudanças na forma como percebem o amor?
Há uma pesquisa que diz que a mulher nessa fase
está disposta a deixar bem claro do que gosta num relacionamento. Uma de minhas
entrevistadas disse que a mulher de 40 é mais sexy, mais voraz e que funciona
melhor na cama porque sabe o que fazer com o corpo. Se a saúde física e
emocional estiverem em dia, a mulher de 40 estará vivendo a plenitude de sua
sexualidade, especialmente se estiver realizada profissionalmente e tiver
desenvolvido uma relação de intimidade, cumplicidade e confiança com seu
companheiro.
A idéia do vínculo afetivo e sem erotismo entra
em discussão. O casamento deixa de ser "até que a morte os separe" e
passa a ser encarado como construção diária, um aprendizado. Aumenta o número
de mulheres chefes de família que encaram o divórcio sem trauma em prol de uma
felicidade sexual mais rica e criativa. A atração nessa faixa etária é um
requisito essencial para manter um relacionamento duradouro e novos vínculos
ampliam a possibilidade do compromisso sem o caráter ou modelo definitivo.
Como superar o fantasma da idade?
Percebo que para muitas mulheres isto ainda é sim
um problema, porque muitas ainda mentem a idade, mas isso é devido a cobrança
da sociedade machista. Muitas são vulneráveis à sociedade de culto ao corpo e
se influenciam pela idéia de que só se pode ser bonita aos 20 anos, só se é
feliz jovem. Isso também se deve ao fato de vivermos numa cultura ocidental,
que prioriza a aparência em detrimento do conteúdo, da sabedoria. O ocidental
não convive muito bem com a idéia do envelhecimento. Envelhecer parece algo que
deve ser empurrado cada vez mais para a frente, um castigo contra o qual se
deve lutar a todo custo.
Como superar? Compreendendo que a vida também tem
suas estações, e que o chamado "outono da vida" pode ter o mesmo
prazer e alegria do verão e da primavera. Ter interesse pela informação, que
não deixa de ser uma forma de poder. Não ficar vulnerável a informações
distorcidas e preconceituosas. Com essa ferramenta nas mãos, ela vai notar que
pode ser uma fase de maior crescimento. Se a mulher se gostar, se cuidar, a
idade cronológica não contará, pois aparentamos a idade com a qual nos
sentimos. Assumir a própria idade pode ser uma forma de libertação.
Que conselhos você daria para uma mulheres com medo de
envelhecer?
É fundamental, desde já, cultivar outros valores,
como a cultura, o conhecimento, um hobby, a profissão, bons relacionamentos com
a família e os amigos, e não focar só na aparência física. Se a mulher valoriza
somente a beleza e a juventude, estará abrindo as portas para a depressão. Não
adianta fugir do inexorável: todos nós envelhecemos. Se a beleza e o físico são
os mais importantes para determinadas mulheres, em detrimento do seu conteúdo,
do que elas são como pessoas, o envelhecimento vai ficar mais pesado. Se a
pessoa não consegue aceitar esse processo, a psicoterapia pode ajudar muito.
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